As Revelações de João
Depois disso, foi me mostrada uma
imagem sobremaneira maravilhosa:
Sete anjos estavam em pé e seguravam
as últimas sete pragas em suas mãos, com as quais o Juízo de Deus devia ser
concluído.
E novamente vi a Criação distendida
como um mar de vidro transparente, debaixo do qual ardiam as chamas da
destruição. Mas, na beira da Criação, na beira do mar de vidro, estavam aqueles
que permaneceram vitoriosos sobre o anticristo e sobre sua imagem e seu sinal,
e seu número.
Vestidos com vestes brancas, eles
seguravam harpas em suas mãos e cantavam em louvor a Deus. Cantavam o salmo de
Moisés, o homem de Deus, e o hino de louvor para honra de Deus:
“Senhor, Tu, Deus onipotente! Tuas
obras permanecem em Verdade e Justiça. Todo o Universo Te teme e louva o Teu
Nome santíssimo! Só Tu és santo, só Tu és o Senhor, Tu, Deus triplo. De todos
os cantos do mundo virão e Te adorarão, pois Teus caminhos estão revelados
diante dos olhos de todos os homens. Agora eles vêem como a Tua bondade e
misericórdia os guiou até o fim.”
E sob este hino de louvor, o supremo
templo lá no Alto, na Luz, foi novamente aberto e dele saíram os anjos que
tinham as sete pragas. Cintos dourados cingiam suas vestes brancas e diademas
dourados prendiam seus cabelos.
E o Leão, que está sentado diante do
trono da suprema Vontade de Deus, ergueu-se e deu aos sete anjos sete taças
douradas e essas estavam cheias até a borda com a ira de Deus.
E tão intensa era a força que saía
dessas taças, que todo o templo ficou preenchido disso. Parecia como se
estivesse envolvido por fumaça. A ninguém era permitido entrar no templo antes
que as taças de ira tivessem sido esvaziadas.
Mas uma voz poderosa saiu do templo e
clamou:
“Vós, servos de Deus, o tempo é
chegado, em que deveis derramar as taças da ira de Deus. Ide, pois, e agi!”
Então o primeiro anjo foi até a beira
do mar de vidro, inclinou-se e derramou a sua taça sobre a Terra.
E em todos os seres humanos que
tinham o sinal do anticristo, o seu sangue se transformou, todas as suas más
ações se manifestaram neles e em seus corpos se formavam feridas feias e cheias
de pus, transformando-se em tormentos.
A seguir, o segundo anjo chegou para
frente e derramou sua taça no mar. E então o mar se tornou bravio e agitado e
ficou vermelho como sangue e toda a vida morreu no mar.
Mas quando o terceiro anjo derramou
sua taça nos rios e nas fontes, então também essas águas se tornaram sangue. E
o guardião enteal de todas as águas clamou alto e disse:
“Senhor, Deus, Tu Eterno, quão justo
és Tu! Santo és Tu de eternidade em eternidade. Tuas leis se cumprem. Sangue os
homens derramaram, sangue Tu deixas fluir agora! O sangue dos santos e dos
profetas eles derramaram, sangue agora deverão beber! Não mereceram coisa
melhor!”
Mas um anjo clamou do altar de Deus:
“Sim, Senhor, Teu Juízo é verdadeiro
e justo!”
Então o quarto anjo esvaziou sua taça
no meio do sol, que ardeu como fogo sobre a Terra, fazendo com que os seres
humanos quase sufocassem pelo calor.
Mas quando acreditavam que iam
perecer sob o calor abrasador, blasfemaram contra Deus. Bem sabiam que Ele
tinha poder sobre todas essas pragas, mas não reconheciam isso, nem chamavam
por Ele. Amaldiçoaram-No e não se arrependeram.
Então também o quinto anjo esvaziou
sua taça exatamente em cima do trono do anticristo, sobre o qual este estava
sentado com grande pompa. E então toda a luz se apagou sobre a Terra e fez-se
incrível escuridão. Medo e pavor tomaram conta dos seres humanos, que sofriam
sob dores indizíveis em suas feridas e por causa do calor abrasador.
Contorciam-se e rangiam os dentes e, no meio disso, blasfemavam contra Deus.
Mas, o caminho para o arrependimento, este ainda não haviam encontrado.
Assim o sexto anjo derramou sua taça.
Então secaram os grandes rios.
A besta e o anticristo e o terceiro
animal, o pecado, conferenciavam entre si. Mas o hálito de sua respiração se
condensou, formando configurações que pareciam sapos. Eram espíritos impuros
que partiam para novamente seduzir os seres humanos e chamar os grandes e os
reis para o dia da prestação de contas. Eles, porém, acreditaram que podiam
então lutar contra Deus.
Mas o dia de Deus chega como o ladrão
na noite, quando menos se espera. Bendito aquele que vigia e que está à espera
do Senhor e que, portanto, vestido, pode ir ao encontro Dele.
Agora também o sétimo anjo
adiantou-se e derramou o conteúdo de sua taça nos ares. E uma voz do alto
clamou: “Está consumado”!
E então os pensamentos do Deus triplo
atravessaram as Criações como altas vozes, de modo que, por causa de seu
bramir, quase não se podia mais ouvir o rolar dos poderosos trovões. Relâmpagos
ziguezagueavam sem parar e a Terra tremia como nunca antes havia acontecido.
Cidades foram destruídas, ilhas submergiam no mar e montanhas desapareciam.
Extraído do livro: Chamados da Criação Primordial (Rufe aus der Urschopfung - 1935):