As Revelações de João
E veja, quando os anciãos oravam
assim, o supremo Templo sagrado lá no alto do Universo abriu amplamente os seus
portais, luzes e raios caíam para baixo, até o ponto onde o Eterno tinha
firmado sua Nova Aliança com os seres humanos, para que estivessem seguros
assim como na arca no tempo de Noé. E os raios formavam a ligação para o alto e
anjos subiam e desciam voando!
Sobre a Criação posterior, porém, caíam granizos, relâmpagos e trovões
retumbavam, a Terra estremecia como se fosse sacudida por poderes eternos e os
pensamentos da Vontade de Deus bramiam como fortes vozes por sobre toda a
Terra.
E foi-me mostrada uma
imagem:
No céu surgiu a figura
maravilhosamente bela de uma mulher. Raios de luz partiam dela como se o Sol
fosse a sua veste. Ela se encontrava na meia-lua, cuja luz fosca envolvia os
seus pés. Sobre a cabeça, ela portava uma coroa com sete exuberantes pedras
preciosas, que brilhavam como as estrelas. Do centro dessas pedras preciosas,
estendiam-se raios que teciam um envoltório dourado em torno da criancinha,
que, sorrindo alegremente, subia no seu colo. Essa criancinha, porém, era o
Senhor de todos os mundos, do qual os profetas profetizaram.
Agora também houve agitação nas
profundezas. Bufando e rosnando, chegou uma besta que tinha sete cabeças, pois
queria tornar-se senhor das sete partes do Universo. Em cada uma das cabeças,
portava uma coroa, pois estava certo de atingir seu objetivo e tornar-se o rei
desta parte da Criação posterior, contanto que a criancinha recém-nascida
desaparecesse. Por isso, o antagonista lançou-se com força, trazendo a perdição
para tudo o que encontrava. Ele queria destruir a criancinha. *(A figura feminina é a Rainha primordial Elisabeth. Que Parsival foi
mostrado como criança é a reprodução figurada de seu ingresso na missão da grande purificação
universal. A infância mostra o início da missão especial de Parsival; pois somente nesta ele é criança, que, através de
experiências por meio da vivência, precisa amadurecer tornando-se homem para
tudo o que terá que subjugar para cumprir a promessa. Também é somente a obra que Lúcifer, a besta, procura destruir já no início junto a criança
para, com isso, impedir o cumprimento, no qual ele mesmo, assim como todo o seu
falso atuar, é atado por Parsival.)
Mas o jovem havia sido retraído a
Deus, seu Pai eterno, para que ficasse junto Dele até que a besta fosse
dominada. A Rainha do Céu, porém, foi para os seus jardins.
E novamente houve um bramir que
chegava, mas era um soar puro e um ressoar cheio de júbilo. O arcanjo Miguel
aprontou-se com os seus fiéis, as multidões de anjos, para a luta que lhe fora
ordenada por Deus. Ele atacou a besta que, por sua vez, chamou a si os seus
exércitos das trevas. E a Luz e as trevas lutaram entre si; mas a Luz que vinha
de Deus foi vitoriosa.
E Lúcifer, que tinha assumido a
figura da besta, tombou de todos os céus junto com todos os seus exércitos. Ele
caiu para a Criação posterior e uma voz clamou:
“Ai de vós, filhos da humanidade!
Lúcifer desce para vós cheio de ira e ódio. A ele foi dado apenas curto tempo
para realizar suas cobiças. Ai de vós, se não permanecerdes firmes!”
Mas o júbilo atravessou os céus por
causa da queda do infiel.
Quando a besta reconheceu que nada
mais podia segurá-la em cima, procurou perseguir a nobre figura de mulher. Mas
ela pairava, como que carregada por asas, subindo para alturas que a besta não
mais podia alcançar. A besta então lançou espuma venenosa e água imunda contra
ela, difamação e mentiras horríveis, mas a Terra bebeu tudo antes que essas
coisas pudessem aproximar-se da sublime graciosa.
E então a besta decidiu, em sua ira, combater tudo o que de alguma forma
tivesse ligação com a Rainha do Céu. *(Gradativamente,
ele apagou completamente todo o saber sobre ela entre a humanidade. Escrava voluntária tornou-se lhe a
mulher humana, estrangulando todas as suas verdadeiras virtudes.)
Pisei na areia clara na beira do mar
para ver o que ali acontecia. Então um animal ergueu-se das ondas e tinha sete
cabeças e dez chifres e sobre os chifres portava coroas.
Do mesmo modo que os servos de Deus
têm escritos os nomes eternos na testa, oriundos do Livro da Vida, assim o
animal tinha escrito sobre cada cabeça o nome da maldição. Era horrível de se
ver.
Mas o animal era o anticristo, saído
da semente de Lúcifer. Possuía manchas como uma pantera, devido ao fato de
portar a mentira como traje. Seus pés tinham a força das patas do urso, com
força tanto para carregá-lo como para destruir tudo o que se opunha a ele. Sua
bocarra era como a de um leão, para engolir o que podia alcançar.
Quando era ferido na luta, a ferida
sarava imediatamente. E a humanidade, admirada, olhava o animal e inclinava-se
diante de Lúcifer, que havia dado ao animal grande poder. Eles se admiravam
muito e falavam:
“Quem se compara ao anticristo? Quem
quer ousar ir contra ele? Coisas maravilhosas ele nos anuncia, coisas que os
ouvidos humanos nunca ouviram. Seu raciocínio é maior do que todo o resto!”
E os seres humanos acreditavam em
tudo o que o animal lhes anunciava. Ele então começou a blasfemar contra Deus e
divulgar mentiras sobre os Eternos e não havia ninguém entre os seres humanos
que se opunha a isso, a não ser o pequeno grupo daqueles, cujos nomes estavam
escritos no Livro da Vida, que são servos do Todo-Poderoso.
Os outros, porém, riam-se da
blasfêmia e acreditavam no animal e tinham se esquecido das leis eternas de
Deus. Não sabiam mais que aquele que puxa da espada, será morto pela espada e
quem ata as almas, este também será atado por toda a eternidade.
Férreas encontram-se as leis de Deus:
o que o ser humano semeia, ele colherá!
E, vede, enquanto eu ainda olhava
cheio de horror para o animal, saiu da terra um outro animal que tinha apenas
dois chifres, de modo que se podia pensar que fosse um carneiro.
Mas quando começou a falar, percebi
que este também era um monstro, ou seja, o pecado, que tinha tomado posse de
toda a Terra e a perpassava. Inflava-se e fazia-se de grande, desviava os
homens e os tornavam servos do anticristo.
Ele ordenou que os seres humanos devessem
construir imagens do anticristo e às imagens deviam ser dados poderes de falar
aos homens e auxiliá-los.
Mas ai dos seres humanos que
confiavam nisso!
Este segundo monstro mostrava aos
seres humanos que, mediante seus pensamentos e suas ações, poderiam obter um
sinal em sua mão direita. Este sinal, no qual poderiam reconhecer-se
mutuamente, ligava aqueles que pendiam no anticristo. E ninguém era hábil o
suficiente para que pudesse fazer negócios terrenos para tirar proveito e
vantagem a não ser aquele que tinha o sinal da besta na mão.
Mas quem estava completamente
submisso ao segundo animal, ao pecado, na testa deste surgia uma segunda marca
escura, de modo que ela ficava facilmente reconhecível aos olhos espirituais.
Nesta marca, vibrava o número do animal, ou seja, seiscentos e sessenta e seis.
Mas quem tiver olhos para
ver, e o espírito de Deus, este também reconhecerá neste número a infinita
sabedoria divina, pois também é o número do homem que clamou por
arrependimento, contra o pecado. Portanto, que também este número, como
qualquer outro, porta em si claramente o seu lado claro e o seu lado escuro. —
Extraído do livro: Chamados da Criação Primordial (Rufe aus der Urschopfung - 1935):