Sobre a vida dos Celtas –XXV
Por
Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff
Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXIV
Anteriormente: Havia acontecido sobre o povo celta de Seabhac crescer ainda mais um sincero
esforço e um verdadeiro amor pelas coisas divinas, depois do cruel assassinato
do Filho de Deus e depois que na maioria dos outros países as trevas começaram
a dominar mais. Também nas demais tribos Celtas, nos longos anos não houve
nenhuma época em que as tribos não se sentissem guiadas pelo Pai Eterno, porque
o povo de Seabhac estava habituado a
ir de encontro a todos os perigos, orando. Mais ou menos cem anos após o
nascimento do Filho de Deus começaram a aportar no sul de todos os reinos,
novamente suntuosos navios com guerreiros romanos em grandes quantidades...
Essas tribos do sul mal tinham ainda ligação
com o Pai Eterno, elas não podiam imaginar como lhes poderia advir auxílio.
Então, em sua visão restrita, elas escolheram o pior mal e submeteram-se.
As tribos foram associadas à província
Romana Britânica, que era regida por um governador. Esse era suficientemente
astuto para, a princípio, reconhecer os príncipes de cada localidade como
dirigentes locais, contudo, logo eles notaram que não tinham nada mais a dizer.
Eles só serviam para formar a ponte entre o governador e o povo, para tornar
conhecidas suas novas leis e ordens. Se um desses príncipes morresse, então ele
era substituído por um romano. Os guerreiros, porém, como os Celtas haviam
esperado, não abandonavam o país depois da submissão dele, mas dividiam-se nas
cidades e localidades, nas quais procuravam exprimir os interesses romanos, tão
logo quanto possível. O povo tinha de se alimentar e não podia defender-se
deles. Ao contrário, poucos anos depois vinham novos grupos de guerreiros que
expandiam a conquista cada vez mais para o norte. Então, o povo de Seabhac também chegou a ouvir sobre
aquilo que havia ocorrido no sul e que se aproximava ameaçadoramente deles.
Entre eles, como lembrança ainda vivia a transmissão da história da saída de Seabhac em direção ao sul. Será que
eles deveriam fazer semelhante coisa novamente? Em todo o caso eles queriam
estar preparados. Seu príncipe Gulwin,
implorava em conjunto com o druida superior Cummarch ao Pai Eterno. Eles
receberam como resposta, para instruir os homens na utilização das armas e
olhar aqueles que se aproximavam, na consciência de que eles se encontravam sob
a proteção do Pai Eterno.
— “Preparai-vos exterior e interiormente.
Contudo, também não esqueçais que se mantiverdes firmemente a ligação vós
também sereis auxiliados. Mas, apenas assim!”
Os anos passaram-se, nada de ameaçador
aproximara-se dos limites do reino. Às vezes vinha um romano para olhar o país.
Ele era recebido cordialmente e alegravam-se quando ele havia novamente
partido. Que estes homens, os quais geralmente se diziam comerciantes, sendo,
porém, guerreiros disfarçados, o povo de Seabhac
não sabia.
Um dia chegara a notícia que os romanos
erigiam um muro atravessando o grande país como divisa, entre eles e as tribos
Celtas que ainda não haviam sido subjugadas. Então, imperou grande alegria: Assim,
nada mais poderá nos acontecer, pois aparentemente o inimigo havia desistido de
nos conquistar, pois do contrário, ele próprio, não iria se isolar de nós.
Falsa esperança! Gulwin faleceu muito idoso, contudo, ainda antes de sua morte teve
que tomar conhecimento que os romanos atacaram as tribos que viviam em paz ao
norte do limite do muro e as subjugaram sanguinariamente. Agora eles estariam,
em seguida, em sua linha de marcha. Se não acontecesse nenhum milagre, logo
eles invadiriam o reino de Seabhac. Gulwin implorou ao Pai Eterno e recebeu
a certeza de que ele não vivenciaria mais esse ataque. De fato ele faleceu
alguns dias após. O filho de Gulwin, Etelbert, reuniu todos os homens
armados em torno de si e apresentou-lhes o perigo em que eles se encontravam.
Ele perguntou-lhes se eles preferiam esperar inativos até que os romanos os
tivessem subjugado ou se eles queriam ir ao encontro deles.
Para a valentia do povo não havia nenhuma
dúvida. Todos eles colocaram-se em marcha ao encontro do inimigo. O
sepultamento do príncipe ancião amado por todos, eles deixaram por conta dos
druidas. Eles partiram em direção ao sul. Já há longo tempo eles possuíam seu
próprio reino às costas, então o comandante romano tomou conhecimento da marcha
deles ao seu encontro. Quer fosse que suas legiões estivessem fortemente
diminuídas ou que os relatos a respeito da grandeza do exército Celta fosse
exagerada, em todo o caso o comandante romano não sentiu-se propenso a
empreender novas batalhas. Ele enviou mensageiros a Etelbert e deixou-lhe assegurar suas perspectivas pacíficas. Como
sinal de sua boa intenção ele iria mandar erigir uma forte muralha divisória,
na linha limítrofe ao norte, separando os povos por ele conquistados.
Etelbert sabia muito bem que a muralha não iria impedir os
inimigos, assim como o muro não o havia feito, quando a vontade de conquista
surgisse novamente neles, mas ele se deixou sossegar depois de ter implorado o
conselho do Pai Eterno.
Ele, porém, exigiu que enquanto a muralha
fosse construída ele pudesse viver com uma tropa de seus mais fiéis soldados no
acampamento dos romanos, para ver se eles procuravam agir honestamente.
Cordialmente o comandante romano concordou
com essa proposta. Talvez pensando poder tapear os tolos Celtas. Quem, porém,
trilha os caminhos do Pai Eterno é mais esperto do que todos os filhos das
trevas. E que os romanos pertenciam completamente às trevas isso Etelbert logo tomou conhecimento.
Não pôde ser evitado que viessem a falar a
respeito do Pai Eterno e dos deuses. Os romanos divertiam-se pelo fato dos
Celtas, como eles diziam, terem criado para si próprios um Deus principal.
— “Quem é o Pai Eterno?” perguntavam eles
zombando.
— “Acima de Zeus que provavelmente é vosso Nuado, não há mais nada.”
— “E o Filho de Deus?” eram por eles
questionados. “Não sabeis nada a respeito Dele, do luminoso?”
De fato os romanos sabiam a respeito Dele. O
país no qual havia acontecido o assassinato era igualmente uma província
romana. Mas eles riam a respeito Dele e chamavam-No de impostor.
Então Etelbert
deixou o acampamento romano com os seus. Ele esclareceu aos romanos de que não
era capaz de viver com pessoas que difamavam o que havia de mais sagrado.
O comandante romano, porém, havia planejado
para um dos próximos dias um ataque às pessoas de confiança de Etelbert, que devido à partida
inesperada teve de fracassar. Naturalmente ele considerou a revolta dos Celtas
como um pretexto mui hábil. Ele certamente teria tomado conhecimento dos planos
romanos.
Etelbert permaneceu no lado Celta da muralha e
observava de lá. Totalmente alerta se encontrava ele na defesa e desconfiança.
Uma pessoa que falasse de tal forma a respeito do sagrado Filho de Deus era
capaz de qualquer infidelidade. Ao romano, porém, esse exército Celta que
observava cada um de seus movimentos se tornou um grande incômodo. Ele refletia
em meios de se livrar dele.
(continua)
Texto da série especial denominada: Escritos
Valiosos
Personagens e fatos processados dentro do
contexto deste episódio:
Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos,
que se situa como soberano de uma comunidade celta.
Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht
Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino
salva e aceita para proteção.
Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio
como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu
meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos
Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado
Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos
Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e
que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh
perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse
o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou
"Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e
renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo
direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um
enteal de certa forma
importante em sua ligação com os seres humanos.
Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com
Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os
Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon
(galês).
Na
mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann
e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine
tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de
arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os
Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia
invulnerabilidade a quem o bebesse.
Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas,
das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo
que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a
poetisa, a médica e a ferreira.
Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e
Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças
dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os
Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem
irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é
conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão
comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é,
Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.
Pieder – príncipe
filho de Seabhac, Habicht e Meinin
Cuimin
– príncipe
filho de Seabhac, Habicht e Meinin
Brigit
– príncesa
filha de Seabhac, Habicht e Meinin
Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin