Pela Nova Busca...
por Charlotte
Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Vindo de local entre montanhas cobertas de neves eternas, pela ajuda de
entes gigantes nativos de sua região, invisíveis para a maioria das pessoas, os
quais eram seus únicos amigos, pois perdera seus pais desde cedo na vida; assim
seguia o jovem e inocente Miang, só com sua cabra Fu-Fu, em busca do mestre
que, deveria instruí-lo sobre assuntos ligados ao saber do Altíssimo,
cujo local finalmente encontrara...
Não foi
uma concessão alegre sem restrições, sua chegada. O eremita tinha vivido na
solidão por um tempo longo demais, ele não desejava mudar seus hábitos.
Contudo, a chegada do menino não era a realização de suas preces ardentes? Toda
vez que se lembrava disso nos meses seguintes, retomava seus ensinamentos
calorosamente, os quais, vez por outra, deixavam cessar, completamente.
Miang não
se importava muito com isso. Quando seu mestre estava comunicativo, absorvia o
saber com alegre dedicação para, nos tempos taciturnos, repensá-lo e
retrabalhá-lo no seu íntimo. Perguntas que surgidas eventualmente, ele mesmo
deveria tentar resolvê-las ou deixá-las de lado, para mais tarde. O ancião não
gostava de ser importunado com isso. Ele dava da maneira como dele brotava.
Quando
era interrompido em seus pensamentos, ele podia ficar aborrecido e o silêncio
tornava-se pesado. O melhor, nesse caso, era ficar longe dele.
Nesses
períodos Miang empreendia caminhada através das montanhas, à procura de alimentos.
O pão, trazido por pastores que vinham procurar ajuda, era muito escasso, de
modo que nem sempre era suficiente para as poucas necessidades do ancião. Então
Miang imitava sua Fu-Fu: alimentava-se de ervas. De vez em quando ele
encontrava algum pastor, que procurava animais perdidos. A este podia auxiliar
e recebia alguns alimentos como agradecimento. O alimento era pouco, mas,
apesar disso, o pequeno se desenvolvia, pois estava tão absorvido nos novos
reconhecimentos, que não percebia nenhuma escassez.
Assim
passou longo espaço de tempo. Os dois eremitas perceberam isso pelo fato de que
Miang tinha de se curvar quando queria entrar na morada. Certo dia, o ancião
disse:
❝Nada mais posso ensinar-te, menino. Está na hora de procurar outros
mestres. Antes, porém, de deixar-me quero te dizer por que eu te aceitei. Eu
sabia pouco sobre o Altíssimo, quando uma séria fatalidade me empurrou para
esta solidão. Mas de coração eu O agradecia pelo abrigo e pedi a Ele que, me
mostrasse como poderia servi-Lo. Aí escutei uma voz: “Escuta o teu íntimo e
aguarde!”
Isso
eu fazia por longo, longo tempo. Cada vez mais claros se tornava em mim o
reconhecimento do Todo Poderoso e de Seu atuar. No início, eu pensava que todo
o saber estava depositado em mim, que eu só precisaria cavar. Então percebi
que, à minha busca, sempre respondia uma voz auxiliadora. A ela devo tudo o que
sei e também foi ela que falou de ti. Quando em mim surgiu a certeza de que na
inatividade não está o verdadeiro servir ao Altíssimo, ela me anunciou a tua
chegada. Que tu eras destinado para ser o servo ativo do Todo Poderoso. Se eu
te ensinasse e te mostrasse o caminho, então o meu dever estaria cumprido. Eu
reconhecer-te-ia pelo fato de teres uma cabra como tua companheira. Também novo
outro sinal foi me indicado – este seria do tipo espiritual. Tu vieste, com o
sinal na testa, a cabra ao teu lado, e permaneceste comigo. Esta noite, porém,
a voz comunicou-me que chegou o dia de continuares a tua caminhada. Então, ponha-te a caminho, Miang. ❞
Em
momento nenhum ocorreu ao ouvinte de perguntar, para onde agora deveria dirigir
os seus passos. Seu Senhor Todo Poderoso, que o conduziu até aqui, continuaria
a ajudá-lo.
“Passe
bem, mestre,” disse ele diligentemente. “Deixa-me agradecer-te por tudo o que
tens feito por mim. Ah, se pudesse demonstrar-te o meu agradecimento ainda
melhor do que somente com palavras!
“Deixe-me
ficar com a cabra. Seu leite me faria falta.”
O ancião
o disse rapidamente, sem se dar conta de que com isso tirava de Miang o seu
único amigo. Com a mesma rapidez o menino efetuou a separação. Ele acariciou
Fu-Fu, que, menos célere que antigamente, lhe ficou ainda mais querida na
convivência próxima. Em seguida, partiu.
Penosa
foi sua caminhada por sobre pedregulho e escarpas. Certo é que, entrementes,
tinha se acostumado a essa escalada em região inóspita, mas eram sempre somente
trajetos curtos e com a certeza de que poderia voltar e chegar em casa. Agora
peregrinava ao encontro de um destino por ele desconhecido.
Mas por
nenhum instante perdeu a alegre confiança de que o Todo Poderoso, que até agora
o tinha ajudado, continuaria a dirigir seus passos.
Certa
vez, teve que descansar. Respirando fundo, olhava ao redor. Percebeu aí um
gigante, rente a uma rocha íngreme. Quantas vezes tinha passado por aqui e
nunca o tinha visto. Sem receio foi ao encontro do gigante que estava meio
reclinado e cumprimentou-o. Sua contemplação não fez surgir medo, somente
alegre confiança.
“Então,”
foi a resposta do gigante, “finalmente os teus olhos se abriram? Inúmeras vezes
passaste por cima de mim e eu poderia ter te segurado.”
“Então tu
sempre estavas aqui como Uru e Muru, e eu não pude te enxergar!” exclamou Miang
entusiasmado.
O gigante
o interrompeu:” O que sabes de meus irmãos lá do outro lado? “
“Ah,
esses eu conheço bem. Eles foram muito amáveis comigo. Eles me ajudaram
mostrando o caminho que eu devia percorrer. Tu também irás me ajudar, se o Todo
Poderoso assim o quiser?” acrescentou confiantemente.
“Aí não
há dúvida. O que o Todo Poderoso quer, isso acontece! Poderá ser bem provável
que eu deva auxiliar-te, ainda não o sei. Eu espero por um menino com uma
cabra.”
Aí Miang
reconheceu cheio de felicidade a atuação de seu Senhor.
“Esse sou
eu!” exclamou em voz alta.
“O menino
eu vejo. Onde está a cabra?”
“Ela
ficou com o mestre.”
“Isso eu
não compreendo. Conte-me!”
E Miang
contou ao ouvinte atento o que a sua curta vida lhe proporcionou até agora.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do
grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.